06/11/2010

Teoria de Resposta ao Item no ENEM: vamos simplificar?

Prezado estudante e candidato ao ENEM.

Realmente, as metodologias de construção de testes e de análise de resultados do ENEM, pautadas na Teoria de Resposta ao Item (TRI), não são fáceis de serem explicadas. Não é falta de mérito brasileiro quanto à divulgação dessas informações. Tratam-se de metodologias baseadas em métodos matemáticos que, muitas vezes, se distanciam do senso comum.

De toda forma, meu propósito aqui é explicar de modo fácil e objetivo.

A TRI utilizada no ENEM é pautada em três características (ou parâmetros estatísticos) das questões (ou dos itens). Essas questões foram pré-testadas e cada uma delas tem seu conjunto de parâmetros.

Parâmetro a: trata da discriminação do item, ou seja, seu poder em diferenciar quem sabe de quem não sabe a resposta correta. De uma forma mais precisa: "discriminar" quem já construiu de quem ainda não constuiu a competência avaliada pelo item. O ENEM busca selecionar os itens que apresentam os parâmetros "a" mais altos, é claro. Geralmente, os itens muito difíceis ou muito fáceis apresentam discriminação mais baixa que os itens com dificuldade média. De toda forma a equipe do INEP seleciona, de um conjunto de questões pré-testadas, as que apresentam as maiores discriminações para cada faixa de dificuldade de questões.

Parâmetro b: refere-se à característica de dificuldade das questões (parâmetro de posição). Em uma régua que varia de 0 a 1000, os itens são classificados em termos de dificuldades. Temos itens de dificuldade baixa (em torno de 250), de dificuldade média (aproximadamente 500) e de dificuldade alta (750). Em 2009, foi selecionado um quantitativo equilibrado de itens para cada faixa de dificuldade. Os itens mais fáceis foram utilizados para discriminar grupos de estudantes que mereciam ou ainda não o certificado de ensino médio (antigo encceja). Os itens mais difíceis foram utilizados para avaliar os estudantes excelentes dos muito bons; diferenciar os examinandos muito bons dos bons. A idéia é termos itens com as mais variadas dificuldades para cobrir todos os níveis de conhecimento.

Parâmetro c: Chance de acerto no chute. O INEP seleciona os itens com menores parâmetros "c". Se um item tem 5 alternativas, se eu fechar os olhos, tenho 20% de chance de acertar. Os melhores itens são aqueles que tem uma probabilidade menor de acerto sem ter o conhecimento necessário para acertá-lo.

Bom. Essas são as características dos itens. Mandando todas as características para o computador, ele faz a ponderação de discriminação, de dificuldade e de probabilidade de acerto ao acaso na hora de computar sua nota. Não há mágica. Há maior controle das características das questões. Enquanto em uma prova de sala de aula o item mais difícil pode valer a mesma pontuação que o item mais fácil, com a TRI, isso é compensado. Enquanto na prova de sala de aula, não se sabe se o item é bom para diferenciar alunos que sabem dos que não sabem a matéria, a TRI permite uma maior garantia que os itens são de qualidade. Enquanto em sala de aula uma alternativa pode ser absurda e ninguém marcá-la, sabe-se previamente como prevenir esse erro de construção e consequente injustiça nos resultados quanto a TRI é usada.

No ENEM 2010, faça a prova tranqüilamente. Não se preocupe com esses aspectos técnicos, já que o que importará será o número de questões que você responderá corretamente. A TRI só irá ajudar a buscar justiça para que você consiga a excelente nota que você merece.

Frederico Neves Condé
Psicométrica Consultoria e Pesquisa
frederico.conde@psicometrica.com.br

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